Dormilhas e ilhas de sono.

Opto por dormir ao relento do meu quarto fechado, tranquei as portas, batem nelas sem permissão. Finjo que não ouço o berro dos punhos cerrados. Ao menos não entram, apenas esmurram, eu me interno ali dentro até que me provem o sabor contrário do amargo. Sangue na madeira sugada. Mamo na vaca dos sonhos a comer capim na mata. Repouso que mata a cidade inteira. Sair no sol evito, a rotina crônica me mói os nervos. Bebo cana. Fico estática sobre o colchão caixotesco, com o pensamento fervilhado, revirado em páginas de livro inacabado pelo fluxo da inconsciência. Alguma coisa me arrasta para o fundo do calor humano, sem querer ver sorrisos ou mesmo sorrir o forjado. Cansei, não mais serei escravidão, não trabalharei para reis dentro da barriga cheia de ninguém, necessito meu próprio cais. Meu vinho, meu porto, meus contos, meus réis. Boas noites, manhãs interditas! Sonífera cá estou, cercada de palavras por todos os lares...